Como atenuar as dificuldades de ser psicólogo?
Escrito em 2 de junho de 2025 • Por Andreia Ramos

O trabalho de um psicólogo clínico é um trabalho exigente e com um grande risco de experiência de sofrimento por inúmeros motivos: muitas horas clínicas, fadiga por compaixão, dificuldades em desligar do trabalho, dúvidas em relação à competência, entre outros. No entanto, inúmeros estudos demonstram que se os psicólogos prevenirem as dificuldades acima descritas, que asseguram com mais facilidade a qualidade do tratamento que as pessoas precisam. Desta forma, é crucial que os psicólogos atenuem as dificuldades através de terapia pessoal, supervisão/intervisão e autocuidado.
Terapia Pessoal
Um dos maiores mitos associados aos psicólogos clínicos é que os mesmos não experienciam sofrimento nem dificuldades psicológicas. No entanto, não só experienciam como também estão mais suscetíveis a sofrimento tendo em conta a própria profissão. Desta forma, a terapia pessoal constante ajuda na prevenção de complexificação de dificuldades e, caso o psicólogo esteja a cuidar dele próprio, está a aumentar a probabilidade de conseguir cuidar dos outros.
Supervisão/Intervisão
As pessoas são todas muito diferentes e não há um processo terapêutico igual ao outro. Desta forma, os psicólogos podem experienciar dúvidas em relação aos seus acompanhamentos, despoletando sensações de incompetência. Uma forma de prevenir essas dificuldades é a procura de serviços de supervisão (serviço com um psicólogo mais experiente) ou de intervisão (serviço com colegas psicólogos com experiências semelhantes) para auxiliar em determinados processos psicoterapêuticos e para assegurar a qualidade da psicoterapia.
Autocuidado
Por fim, o autocuidado é uma boa técnica preventiva para diminuição do risco de burnout e para um aumento da qualidade de vida dos psicólogos (e da população em geral). Neste ponto, encontra-se o equilíbrio trabalho-vida pessoal (por exemplo, limite de consultas diárias, definição de períodos para trabalho burocrático) e a experiência de sensações positivas fora do contexto de trabalho e mediante o gosto de cada pessoa (por exemplo, treinar, pintar, socializar).
Um psicólogo clínico vai-se deparando com algumas dificuldades ao longo do seu percurso profissional, podendo as mesmas oscilar de acordo com as fases de vida. Assim, é central que o psicólogo adote hábitos que equilibrem as necessidades das pessoas que acompanha com as suas próprias necessidades. Um psicólogo clínico que não foque em si próprio, pode estar menos capaz de ajudar as outras pessoas. Desta forma, o estabelecimento de hábitos pessoais e profissionais saudáveis podem auxiliar na prevenção de dificuldades mais complexas.
Referências: Clinical psychologists’ experiences of personal significant distress, Psychological Difficulties Faced by Mental Health Professionals