Como gerir a raiva?
Escrito em 1 de abril de 2025 • Por Andreia Ramos

A raiva é uma resposta natural aquando da perceção de uma potencial ofensa, maltrato ou vitimização. É uma emoção que move esforços para a defesa do próprio ou de alguém externo perante uma injustiça. Desta forma, a raiva é uma resposta adaptativa e funciona como um sinal de que algo ou alguém possa ter falhado de alguma maneira. No entanto, a raiva sentida em “excesso” pode interferir com a saúde física e psicológica da própria pessoa e de quem a rodeia. Desta forma, enumeram-se algumas estratégias que podem ajudar a gerir a raiva tais como:
Diferenciar Raiva funcional da Raiva disfuncional
A raiva é uma emoção muito importante. Se não for muito intensa nem tiver uma duração mais extrema, funciona como um relevante alerta de uma potencial injustiça que possa justificar ação (por exemplo, se todos os colegas no trabalho tiverem um aumento exceto o próprio, a raiva pode motivar a falar com as chefias). Pelo contrário, se a raiva for mais intensa e frequente, pode despoletar comportamentos mais impulsivos e agressivos (por exemplo, gritar, agredir, sabotar) que podem interferir significativamente com a qualidade de vida da pessoa.
Compreender a emoção
Em psicoterapia, a compreensão da emoção e o tentar perceber a sua função é um passo muito relevante e terapêutico. Por vezes, a expressão da emoção pode ter causas mais óbvias, porém, também pode estar a sinalizar dificuldades e/ou necessidades mais profundas que necessitam de ser reconhecidas conscientemente.
Identificar gatilhos
Após a compreensão do aparecimento da raiva, é crucial a identificação de gatilhos (“triggers”). Isto é, aspetos chave que ativaram o surgimento da emoção. A consciência do que ativa a raiva, pode ajudar a antecipar cenários e a melhorar a preparação aquando do surgimento dos triggers.
Procurar respostas alternativas
Nos momentos de maior ativação emocional, pode ser relevante adotar comportamentos alternativos para a prevenção da escalada da raiva. Desta forma, pode ser importante questionar “Onde é que a raiva me está a levar neste momento?” e “Posso tentar agir de uma forma diferente?”.
Apesar dos aspetos acima mencionados, pode ser importante a procura de acompanhamento psicológico aquando da experiência da raiva de uma forma mais disfuncional. Enquanto a ansiedade e a depressão são emoções mais faladas quando se trata de saúde psicológica, a raiva acaba por não ter o espaço de ser expressa dada a sua associação à agressividade e à amoralidade. No entanto, como todas as emoções, a raiva tem um propósito e pode ser relevante a compreensão e intervenção direta caso afete negativamente a pessoa ou as pessoas circundantes.
Referências: Unified Protocol for Transdiagnostic Treatment of Emotional Disorders, How to keep anger from getting the best of you (episode 183), Control anger before it controls you