Como sei que já não preciso de consultas de psicologia?

Escrito em 16 de outubro de 2023 • Por Andreia Ramos

Desenho minimalista a simbolizar o início, o meio e o fim do processo terapêutico

O término das consultas, por vezes, pode ser subjetivo, não sendo claro para a pessoa o momento para terminar o processo terapêutico. Esta decisão, apesar de ter um peso importante da perceção da pessoa, deve ser tomada conjuntamente com o psicólogo. O plano de intervenção delineado para a pessoa tem um início, meio e fim e o processo terapêutico deve respeitar essa finalidade para a obtenção de resultados mais duradouros. Há uma tendência para as pessoas começarem a abandonar as consultas após a identificação de melhorias, porém, esta suspensão pode aumentar as chances de recaída (isto é, retorno dos sintomas). De uma forma geral, a alta clínica nas consultas de psicologia deve ser ponderada se:

 

As consultas foram espaçadas e os ganhos mantiveram-se

 

Após algumas melhorias e após uma diminuição significativa do impacto dos sintomas iniciais, é boa prática espaçar-se as consultas (por exemplo, consultas semanais passarem a quinzenais ou quinzenais passarem a mensais). Este espaçamento permite dar novas informações à pessoa e ao psicólogo acerca da manutenção dos ganhos mesmo com uma menor frequência das sessões. Este é um dos aspetos centrais para prevenir a recaída, garantindo que o término das consultas não acontece de forma precoce.

 

A pessoa sentir que não faz sentido continuar

 

O processo terapêutico implica uma colaboração entre a pessoa e o psicólogo, sendo difícil a observação de novas melhorias se a pessoa já não está comprometida com o processo. Desta forma, é importante comunicar esses sentimentos ao psicólogo com o intuito de o término ser ponderado com cuidado. A comunicação desses sentimentos é central para a relação não ser prejudicada e para prevenir o reaparecimento dos sintomas iniciais.

 

Sentir que tem ferramentas para o futuro sem as consultas

 

As consultas são um contexto de autoconhecimento e as fases finais do processo centram-se na promoção de autonomia da pessoa. Como tal, a pessoa deve ter adquirido alguns conhecimentos ao longo do processo que permitem uma maior consciencialização acerca do futuro (por exemplo, “se algo semelhante me acontecer outra vez, posso fazer isto…”). É bastante importante o reconhecimento de possíveis vulnerabilidades futuras, de forma a preparar algumas respostas quando as mesmas são ativadas.

 

Assim sendo, o término das consultas deve ser algo cautelosamente preparado, prevenindo o ressurgimento das dificuldades ou da problemática inicial no futuro. De uma forma geral, o término abrupto e apenas tendo em conta a opinião da pessoa deve ser evitado, sendo que pode trazer novas complicações. Não obstante, a vida está repleta de mudanças e não há problema nenhum em recomeçar um novo processo terapêutico ou em retomar o anterior.