Apesar de as primeiras consultas de psicologia serem, normalmente, consultas muito espontâneas e de as pessoas acabarem por falar com bastante naturalidade, pode surgir uma certa ansiedade antes do primeiro contacto com o psicólogo. Muitas vezes, os pontos a falar são tantos que há uma sensação de que não se sabe por onde começar. Por outro lado, pode haver dificuldade em percecionar os temas centrais acerca da própria pessoa, não sabendo sequer o que se dizer. Quando as pessoas se deparam com estas dificuldades, pode auxiliar organizar a informação mediante as dificuldades atuais ou passadas sentidas, momentos considerados como chave para o psicólogo compreender a pessoa e o motivo de marcação da consulta.

 

Dificuldades atuais ou passadas

 

As dificuldades atuais ou passadas definem, muitas das vezes, os sintomas que as pessoas querem intervir em contexto terapêutico. A explicação quanto ao que é sentido no dia-a-dia, ajuda a delinear o processo e a procurar possíveis causas. Estas dificuldades podem ser, por exemplo, ansiedade elevada, baixa autoestima, elevada autocrítica, isolamento, sentimentos de vazio e baixa motivação. Há casos em que as pessoas não conseguem identificar dificuldades atuais e o recurso a dificuldades sentidas no passado pode ser adotado.

 

Momentos/fases chave da pessoa

 

Um aspeto central numa primeira consulta pode ser momentos e fases da pessoa que são significativos para a respetiva história de vida. A exploração destes momentos ajuda o psicólogo a compreender melhor a pessoa de acordo com as suas vivências mais marcantes. Por exemplo, a perda de alguém importante, o término de um relacionamento, uma relação abusiva ou episódios de bullying podem ser aspetos relevantes a ser mencionados numa primeira consulta, caso a pessoa se sinta preparada.

 

Motivo de marcação da consulta

 

O motivo da marcação da consulta é algo importante porque pode informar o psicólogo acerca das principais dificuldades da pessoa e do momento em que a decisão foi tomada. No motivo, pode estar um momento mais complexo ou um momento não dotado de grandes significados. Por exemplo, alguém pode ter marcado consulta por causa de uma discussão com o/a companheiro/a que saiu do controlo ou por causa de uma conversa com um amigo que faz terapia. Não há motivos certos ou errados para a tomada de decisão de iniciar mas, muitas vezes, estes momentos são importantes para o psicólogo perceber o que motivou a pessoa a procurar ajuda especializada.

 

Apesar de a primeira consulta não ter uma tendência a seguir um guião, a organização da pessoa mediante os três fatores acima descritos podem ajudar a aliviar a ansiedade antes de uma primeira consulta. Não obstante, é importante mencionar que o psicólogo é alguém que está preparado para os diferentes cenários: desde alguém que não sabe o que dizer até alguém que menciona muitas coisas de uma só vez. Para além disso, apesar desta estrutura poder ajudar, estes três aspetos podem não ser abordados numa primeira consulta, podendo ocupar algumas sessões, dependendo da situação de cada pessoa.