Para que servem as emoções?

Escrito em 2 de outubro de 2023 • Por Andreia Ramos

Curvas a simbolizar a chegada e passagem das emoções

As emoções, usualmente, são algo que as pessoas tendem a ver como positivas ou negativas, sendo a presença excessiva das ditas “emoções negativas” um dos principais problemas quando as pessoas iniciam o acompanhamento psicológico (por exemplo, muita tristeza, picos de ansiedade, pânico, ataques de raiva). Para isso, muitas vezes, os psicólogos têm de centrar a consulta na explicação da função das emoções e dos respetivos processos emocionais. Das questões mais centrais é que todas as emoções são importantes e não devem ser suprimidas ou encaradas como perigosas. Desta forma, mesmo as emoções mais desagradáveis devem ter espaço para serem ouvidas e processadas, pois apresentam um propósito relevante. Alguns desses propósitos são explicados de seguida:

 

Tristeza/Depressão

 

Estas emoções tendem a aparecer quando há a perceção de algo incontrolável ou de uma perda. A função da tristeza e da depressão consiste em reduzir a atividade para a pessoa recolher recursos e processar de forma funcional o que está a acontecer. Para além disso, a tristeza/depressão permitem que a pessoa tenha suporte e ajuda por parte dos outros.

 

Medo

 

O medo é uma emoção que sinaliza perigo e requer uma ação ou atenção imediata. A função do medo é essencialmente de proteção, dado que se o medo não fosse sentido, não iria ser fácil a perceção de um perigo real. Como tal, o medo surge e, antes de haver tempo para pensar no que fazer, esta emoção despoleta uma ação automática para a sobrevivência.

 

Ansiedade

 

Ao contrário do medo, a ansiedade é voltada para o futuro e não para o presente. Isto é, o objetivo da ansiedade é preparar a pessoa para algo que possa correr mal no futuro. Apesar de ser uma emoção considerada muito desagradável e de as pessoas, normalmente, não a quererem sentir, ela motiva as pessoas a estarem mais bem preparadas para uma situação desafiante.

 

Raiva

 

A raiva aparece quando há a perceção de injustiça. O objetivo da raiva é as pessoas defenderem o que não está correto (a elas próprias ou a outros), de forma aos direitos da pessoa em questão não serem desvalorizados. Se a raiva não fosse sentida, aconteciam situações injustas e iria ser muito difícil agir perante as mesmas.

 

Não obstante, por vezes, as emoções tendem a ser tão intensas e frequentes que começam a trazer consequências negativas e deixam de servir o seu propósito adaptativo. Por exemplo, a tristeza a níveis normativos pode ser indicativo de mudança (estou sempre triste a ir para o trabalho…se calhar preciso de pensar em procurar outra coisa mais de acordo com as minhas necessidades). Por outro lado, a tristeza sentida a níveis muito significativos traz, normalmente, ações contrárias à mudança (desmotivação, isolamento, apatia) que intensificam o sofrimento. Assim, as emoções são boas e necessárias e vão oscilar muito ao longo da vida, mas quando sentidas de forma disfuncional, a sua função começa a ser contraproducente.