O processo terapêutico não é algo linear e as melhorias não acontecem de forma rápida e sequencial. O mesmo é constituído por altos e baixos, mais especificamente, por progressos e recaídas e, por vezes, é necessário ajustar as expectativas das pessoas que procuram acompanhamento para não resultar em frustração e, por consequência, em desistências do processo. No entanto, há alguma dificuldade na distinção entre um processo terapêutico que está a passar por maiores dificuldades e um processo que não está a trazer benefícios para a pessoa, originando dúvida acerca da manutenção ou desistência das consultas.

 

Não sinto conexão com o psicólogo

 

A relação terapêutica, isto é, a relação entre o psicólogo e a pessoa é de extrema importância para o sucesso de um processo terapêutico. Caso as pessoas sintam que não gostam do psicólogo, não confiam no psicólogo e que o mesmo não está a compreender bem a própria pessoa, é muito provável que as consultas não estejam a trazer melhorias e, por conseguinte, que não estejam a resultar. No geral, é importante haver a perceção de que “o meu psicólogo compreende-me e preocupa-se comigo”.

 

Não concordamos nos objetivos terapêuticos

 

Para além da relação, é importante que os objetivos da pessoa e do psicólogo estejam alinhados e que o trabalho seja realizado mutuamente para os atingir. Por vezes, o psicólogo perceciona como importante trabalhar algum aspeto em específico da vida da pessoa, querendo a pessoa trabalhar outro, sendo este um fator de risco para o insucesso terapêutico.

 

Não concordamos nos meios para alcançar os objetivos

 

Por fim, a relação e os objetivos podem estar alinhados, porém, a forma como se pretende alcançar os objetivos pode variar entre o psicólogo e a pessoa. Neste caso, é importante equilibrar as necessidades da pessoa em acompanhamento com o que a ciência evidencia.

 

Os resultados são algo muito variável de pessoa para pessoa, sendo que dependem muito das causas subjacentes às dificuldades que podem ser mais simples ou complexas. Os aspetos mencionados acima, não dependem de melhorias ou de progresso, mas permitem estabelecer pilares de segurança para os resultados começarem a emergir. No entanto, quando os mesmos não acontecem, é importante a pessoa comunicar as suas preocupações ao psicólogo. Apesar de ser uma tarefa muito exigente para muitas pessoas, o psicólogo pode justificar melhor o acompanhamento, descansar alguns dos receios ou mudar a sua intervenção. Se o mesmo não acontecer e/ou se não houver segurança suficiente em partilhar os problemas com o mesmo, pode ser importante ponderar a mudança de psicólogo.