Devo saber aspetos pessoais da vida do meu psicólogo?

Escrito em 28 de junho de 2024 • Por Andreia Ramos

Imagem simplista a simbolizar a verbalização de informações pessoais da vida do psicólogo

Este processo, em psicologia, é denominado de autorrevelação e consiste em momentos em que o psicólogo revela aspetos da sua vida pessoal à pessoa que acompanha. Uma relação terapêutica (relação entre a pessoa e o psicólogo) é uma relação muito particular em que uma das principais características é a unidirecionalidade da relação. Isto é, é uma relação em que o psicólogo detém de conhecimento profundo acerca da pessoa e da sua vida e a pessoa não detém do mesmo conhecimento acerca do psicólogo. Apesar de a autorrevelação ser, durante muito tempo, considerada prejudicial para a relação terapêutica, algumas investigações têm demonstrado que a mesma pode ser benéfica se:

 

Ajudar na desmistificação

 

Uma parte relevante do processo terapêutico implica desmistificar mitos em relação a potenciais ideologias irrealistas (por exemplo, alguém que procura consultas para nunca mais se sentir ansioso ou alguém que só quer sentir felicidade). Dada a assimetria na relação terapêutica entre a pessoa e o psicólogo, a partilha de um ou outro aspeto pessoal pode ajudar a relação terapêutica a ficar mais fortalecida (maior ligação com o psicólogo) auxiliando na desconstrução de ideias relacionadas com os próprios, os outros e a vida em geral.

 

O psicólogo tiver informações que possam ajudar a pessoa

 

Pode haver informações que um psicólogo tem que auxiliam a pessoa em algum problema ou desafio concreto. Por exemplo, alguém que está a pensar ser psicólogo, pode querer fazer perguntas ao mesmo e as respetivas informações pessoais e profissionais podem ajudar na tomada de decisão. Nestas circunstâncias, a autorrevelação pode apresentar-se como bastante positiva.

 

Usada com determinadas dificuldades

 

Existem pessoas com objetivos terapêuticos mais interpessoais e sociais (por exemplo, pessoas mais tímidas). Nestes casos, a relação terapêutica pode ser utilizada como um modelo e um treino de competências sociais e pode ajudar a pessoa a ultrapassar alguns desafios sociais. Em alguns momentos, este perfil de pessoas questionar o psicólogo sobre algum aspeto pode ser positivo e simbolizar progresso.

 

Apesar de a autorrevelação ser uma ferramenta que apresenta alguns benefícios, ela deve ser ajustada ao próprio processo terapêutico e não deve ser utilizada em demasia. Antes de um momento de revelação de algo pessoal, o psicólogo deve ponderar bem se a partilha de informação poderá trazer benefícios ou não para a pessoa e para a relação terapêutica. Para além disso, não é suposto quebrar-se o princípio da unidirecionalidade da relação terapêutica, por isso, a autorrevelação deve ser sempre cuidadosamente pensada antes de utilizada.