O que fazer quando acho que alguém tem uma perturbação mental?
Escrito em 22 de novembro de 2024 • Por Andreia Ramos
Com o aumento da informação acerca de saúde mental e dos respetivos diagnósticos associados, as pessoas podem identificar sinais de alerta nelas próprias e nos outros enquadráveis em alguma perturbação mental. Em ambos os casos, após suspeitas, é necessária uma avaliação objetiva por profissionais da saúde mental (isto é, médicos e/ou psicólogos) de forma a corroborar ou não a hipótese formulada. Em específico, no caso da dúvida em relação a alguém próximo, é importante considerar a perceção da própria pessoa em relação às dificuldades e não assumir o diagnóstico sem confirmação de um especialista.
Avaliação psiquiátrica e/ou psicológica
Aquando da identificação de fatores de risco em alguém, a melhor forma é requerer uma avaliação psiquiátrica (consulta de psiquiatria) e/ou psicológica (consulta de psicologia). Para tal, os médicos ou psicólogos podem recorrer ao relato do próprio, relato de terceiros, observação e instrumentos de avaliação validados como questionários. Não obstante, a perceção de que alguém possa enquadrar-se numa perturbação mental não é suficiente para a atribuição de um diagnóstico.
A forma como vemos os outros é subjetiva
É natural que, se alguém magoa outra pessoa, seja fácil categorizá-la como “narcisista”, por exemplo. No entanto, nem sempre a perceção das experiências com os outros corresponde à realidade de quem essas pessoas são. O ser humano é complexo e a generalização de uma característica tendo em conta alguns comportamentos, não é a forma mais objetiva de percecionar alguém.
Não usar as suspeitas como insultos
Infelizmente, com o crescer de informação associado à saúde mental, também se verifica um aumento de informação errada ou descontextualizada. Desta forma, é comum ouvirem-se relatos que “diagnosticam” a pessoa (por exemplo, "deve ser esquizofrénico", “namorei com um narcisista”, “era autista”, “parecia bipolar”). Este tipo de verbalizações pode ter um impacto muito negativo nas pessoas, não é objetivo e favorece o estigma em relação à saúde mental.
Assim, a maneira correta de alguma pessoa ser diagnosticada é através da avaliação por um ou vários profissionais de saúde qualificados. A opinião das pessoas circundantes é relevante e deve ser, sempre que possível, considerada pois acrescenta mais informação à avaliação. Não obstante, é importante ter em consideração de que as opiniões são subjetivas e podem não corresponder à realidade da pessoa em questão. Porém, se as suspeitas continuarem e se o diagnóstico não for atribuído, pode ser necessário a procura de uma segunda opinião.