O que pode ajudar os meus sintomas sem ir a um psicólogo?

Escrito em 23 de setembro de 2024 • Por Andreia Ramos

Imagem simplista de Andreia Ramos a simbolizar a hierarquia das necessidades de Maslow

Infelizmente, em Portugal e em muitos outros países, as consultas de psicologia não são facilmente acedidas por toda a população, podendo ser consideradas um “luxo” para muitas pessoas. Apesar de, quer a psicoterapia quer a intervenção psiquiátrica, serem as únicas duas formas validadas e eficazes na diminuição de sintomas psicológicos, pode ser difícil dar o passo por diversas razões. Assim, há aspetos que estão associados positivamente com a saúde mental, que podem provocar alterações positivas mesmo sem intervenção direta do psicólogo ou psiquiatra. Alguns exemplos dos mesmos são o treino de autoconsciência, a regulação das necessidades básicas, o exercício físico, uma boa rede de suporte e a adesão a atividades de prazer.

 

Treino de autoconsciência

 

Um aspeto central, discutido muito em psicoterapia, é o reconhecimento e identificação do que se pode estar a passar internamente. Este treino implica a identificação de gatilhos (o que está a despoletar a emoção), de sentimentos (qual é a emoção), de pensamentos (quais são os pensamentos) e de comportamentos (o que é que está a ser feito). A autoconsciência é importante pois permite à pessoa compreender-se melhor e, por consequência, pode provocar mudanças de comportamento.

 

Regulação das necessidades básicas

 

Atualmente, a investigação demonstra que não se consegue separar a saúde física da saúde mental. Assim, cuidando das necessidades básicas como o sono e a alimentação, é provável que também haja uma melhoria ao nível do humor e da saúde mental. Desta forma, destaca-se a importância de uma alimentação saudável e equilibrada e de um descanso adequado (isto é, número de horas de sono suficientes e sono reparador).

 

Prática de exercício físico

 

Apesar de o exercício físico em si não ser uma necessidade básica, a sua prática influencia diretamente a saúde da pessoa, tendo em conta que o sedentarismo está associado a bastantes efeitos nocivos. No que concerne à saúde mental, a prática de exercício físico é um mecanismo que ajuda na diminuição de sintomas de ansiedade, depressão e stress.

 

Boa rede de suporte

 

Tal como o sedentarismo, a solidão também apresenta inúmeras consequências negativas para a vida da pessoa. Assim, uma boa rede de suporte social e familiar funciona como um facilitador e um fator protetor da saúde física e mental das pessoas. Adicionalmente, falar com as pessoas sobre as dificuldades e a sensação de compreensão por parte das mesmas também pode ser um fator significativo.

 

Adesão a atividades de prazer

 

Apesar de, por vezes, poder não haver vontade de aderir a atividades, as mesmas apresentam uma associação a emoções mais agradáveis e a sensações relacionadas com o prazer e com a mestria. Em específico, a adesão a hobbies e o contacto com a natureza também têm demostrado ser um auxílio na gestão de sintomas psicológicos.

 

Apesar dos fatores supramencionados poderem funcionar como atenuadores relevantes, quando os sintomas são intensos e causam sofrimento, é necessária intervenção psicoterapêutica ou medicamentosa. Não obstante, muitos destes aspetos assentam em pilares base de um estilo de vida saudável que prioriza diferentes necessidades importantes para a prevenção de sintomas psicopatológicos mais complexos.