O que preciso de saber sobre suicídio?
Escrito em 24 de junho de 2024 • Por Andreia Ramos
Antes de se falar em suicídio, que consiste no ato de causar a própria morte intencionalmente, é importante falar sobre ideação suicida. A ideação suicida consiste na presença de pensamentos (por exemplo, desejo de morrer, pensar em como podia tirar a própria vida) ou comportamentos (por exemplo, comportamentos autolesivos) relacionados com a morte e com o suicídio. Assim, a ideação suicida pode fazer parte de uma lista de sintomas de um diagnóstico como, por exemplo, da depressão mas também pode estar presente em situações de ausência de diagnóstico (mais raro). Dada a gravidade da condição bem como as consequências negativas para a própria pessoa e para quem os rodeia, é importante ter em conta alguns aspetos relacionados com o suicídio.
Qualquer pessoa pode ter ideação suicida
Um dos mitos associados à ideação suicida e ao suicídio em si é que apenas determinadas pessoas estão mais suscetíveis a ter estes pensamentos e comportamentos. Apesar de poder haver alguma verdade nisto, sendo que historial de tentativas passadas, consumo de drogas, isolamento, entre outros fatores pode aumentar a probabilidade de uma pessoa cometer o suicídio, não é algo assim tão linear. Muitas das vezes, as pessoas não conseguem prever quem pode estar a passar por este sofrimento e é um viés associar apenas a algumas características.
As pessoas, muitas vezes, verbalizam as suas intenções
Outro mito associado à ideação suicida é que a pessoa está a “chamar a atenção”. Inúmeros estudos têm demonstrado de que a maior parte das pessoas que, de facto, acaba por cometer suicídio, verbalizou a alguém as suas intenções antes o fazer. Desta forma, é de extrema importância que, aquando de uma verbalização, as pessoas percecionem a gravidade desse discurso, de forma a poder haver uma ação que não invalide a dor da pessoa em questão.
Quanto mais se falar de suicídio melhor
Por fim, existe a ideia de que o suicídio deve ser um tema tabu e que falar sobre ele pode encorajar pensamentos ou comportamentos relacionados. Não obstante, tem-se verificado que falar sobre suicídio (mesmo fora do contexto de consultas de psicologia) pode ter valor terapêutico por a pessoa se sentir compreendida, auxiliando quem precisa a ganhar esperança em relação aos passos seguintes e de como pode ultrapassar o sofrimento.
Ao nível da intervenção, usualmente, é necessário medicação psiquiátrica e/ou intervenção psicoterapêutica para melhorar o prognóstico. No entanto, a curto prazo e em situações de crise, pode ser importante que as pessoas procurem ajuda no número de emergência europeu (112), no serviço de apoio psicológico do SNS24 (808 24 24 24) ou em qualquer linha de apoio emocional e prevenção do suicídio: SOS Voz Amiga (213 544 545, das 15h30 às 00h30), Conversa Amiga (808 237 327, das 15h00 às 22h00) e Telefone da Amizade (222 080 707, das 16h00 às 23h00).