O que são recaídas em psicologia?

Escrito em 25 de março de 2024 • Por Andreia Ramos

Imagem de Andreia Ramos a simbolizar uma recaída em psicologia

O termo “recaída” é bastante utilizado nos contextos psicoterapêuticos, sendo percecionado pela comunidade científica como uma recorrência dos sintomas que trouxeram a pessoa às consultas inicialmente. Ou seja, há um reaparecimento dos sintomas iniciais, antes do tratamento psicológico estar finalizado. Por exemplo, alguém com sintomas depressivos procura ajuda, apresenta melhorias e os sintomas retornam novamente antes da sua completa remissão. Ou alguém que procura ajuda para a dependência de substâncias como o álcool, está uns tempos sem consumo e, por algum motivo, retorna ao consumo excessivo de álcool. Existem certos aspetos das recaídas importantes de reconhecer, tais como:

 

As recaídas acontecem e não significam necessariamente retrocesso

 

As melhorias em consulta não são lineares e não há um progresso constante ao longo do processo terapêutico. Dado que a pessoa ainda se encontra numa fase de autoconsciencialização, é usual que os sintomas ainda vão aparecendo, caso algum acontecimento interno ou externo funcione como um gatilho. Desta forma, as recaídas são naturais em psicoterapia e não devem ser percecionadas como retrocesso ou um retorno à problemática inicial.

 

As recaídas devem ser compreendidas

 

Para além de acontecerem e de deverem ser naturalizadas, as recaídas também dão informação adicional acerca da ativação e reativação de sintomas. Assim, as recaídas devem ser compreendidas, promovendo a identificação dos gatilhos que originaram a recaída e, por conseguinte, auxiliando no reconhecimento de novas formas de prevenção do aparecimento dos sintomas.

 

Elevada frequência de recaídas pode simbolizar ausência de eficácia

 

Apesar de naturais e de funcionarem como informação complementar para o alcance de objetivos terapêuticos, se as recaídas começarem a acontecer com bastante frequência, poderá simbolizar a ineficácia do processo psicoterapêutico. Assim, é importante uma articulação com o psicólogo acerca do que pode ser alterado para diminuir a frequência destes episódios, tendo em conta o que vai de encontro às necessidades da pessoa.

 

As recaídas são muito comuns na maior parte dos processos terapêuticos e dadas as características das consultas de psicologia, devem ser expectáveis e normalizadas. No entanto, caso a frequência seja elevada, pode ser benéfico refletir acerca de outras abordagens terapêuticas (isto é, melhores modelos terapêuticos para uma determinada problemática) ou de ponderar a mudança para um psicólogo com características de formação diferentes.