Os pensamentos são um componente importante de uma experiência emocional que, usualmente, são muito trabalhados em contexto psicoterapêutico. Os pensamentos influenciam diretamente as emoções e comportamentos e a forma como eles vão aparecendo tem bastante peso na intensidade e frequência de uma determinada emoção. Por exemplo, se uma pessoa sente que não consegue fazer uma tarefa no trabalho (“não consigo fazer isto”), pode levar a mais ansiedade e insegurança e, de facto, aumentar a probabilidade de não conseguir realizar a tarefa (por exemplo, pedir ao chefe para passar a tarefa para outra pessoa). Desta forma, os pensamentos negativos podem influenciar de forma negativa uma experiência emocional. No caso dos pensamentos positivos, a resposta não é a oposição da anterior dado que estes pensamentos apresentam algumas particularidades.

 

Pensar positivo não chega

 

Quando uma pessoa é deparada com uma situação ativadora, há uma quantidade de fatores que podem ajudar a atenuar ou a intensificar uma experiência emocional. Os pensamentos são involuntários e automáticos mas não são factos. O pensar positivo acerca de algo não é suficiente para mudar o resultado de uma determinada situação e pode até aumentar a frequência de pensamentos negativos a longo prazo.

 

Importância de pensamentos realistas

 

Assim, mais importante do que ter pensamentos positivos é ter pensamentos realistas. Os pensamentos são a superfície de crenças mais profundas acerca de nós próprios, dos outros e do mundo que nos rodeia. Assim, a contradição das crenças acaba por não provocar melhorias e progressos a longo prazo porque a pessoa, no fundo, não acredita naquele pensamento positivo. Assim, é importante haver um equilíbrio entre o que pode correr bem e o que pode correr mal, com base na situação em si bem como na história de vida da pessoa. A pessoa pode esperar pelo melhor resultado possível, mas tendo sempre em consideração os restantes fatores, inclusive os que estão fora de controlo.

 

Os pensamentos positivos podem ajudar em situações mais ligeiras, não clinicamente significativas, e podem ter um efeito, maioritariamente, a curto prazo. Não obstante, pode-se cair numa realidade de positividade tóxica, em que os pensamentos positivos são usados para inibir os pensamentos negativos e para invalidar o próprio sofrimento e o dos outros. Para além disso, pode resultar em sentimentos de frustração por apenas representarem alguns fatores em torno de uma experiência emocional. Assim, os objetivos em relação aos pensamentos devem consistir na promoção de pensamentos mais realistas (porém, otimistas) bem como da tolerância e aceitação dos pensamentos tipicamente mais negativos.