Porque é que as pessoas desistem da terapia?

Escrito em 26 de fevereiro de 2024 • Por Andreia Ramos

Imagem simplista a simbolizar a expectativa do processo terapêutico e a realidade de quando as pessoas desistem

A desistência das consultas é algo que acontece com alguma frequência em determinados processos terapêuticos e acabam por comprometer o sucesso das consultas. Inúmeras investigações foram realizadas para se perceber o fenómeno do “drop out”, procurando motivos pelos quais as pessoas iniciam acompanhamento e depois acabam por não dar seguimento ao mesmo. Apesar de cada pessoa poder ter razões válidas para o "drop-out", a literatura tem demonstrado que os principais motivos da desistência estão relacionados com a insatisfação com a qualidade da psicoterapia, problemas financeiros e características específicas das pessoas.

 

Insatisfação com a qualidade da terapia

 

A insatisfação pode estar relacionada com a relação terapêutica, com as competências do psicólogo e com o próprio contexto psicoterapêutico. Nesta categoria, surgem inúmeras possibilidades que podem justificar a insatisfação, tais como a ausência de empatia, perceção de agressão e superioridade e ausência de escuta ativa por parte do psicólogo e ambientes psicoterapêuticos pouco confortáveis e agradáveis.

 

Problemas financeiros

 

A dificuldade em pagar as sessões é também uma razão para o “drop out”, sendo que este problema pode ser enfatizado pela frequência das sessões e a distância a percorrer para ter as consultas. Sendo que o processo psicoterapêutico não apresenta resultados imediatos, para pessoas com dificuldades financeiras é mais difícil sustentarem um acompanhamento a longo prazo.

 

Características específicas das pessoas

 

Para além da própria terapia e de potenciais desafios financeiros, existem pessoas com determinadas características, que têm demonstrado uma maior probabilidade de desistência das consultas de psicologia. Por exemplo, pessoas com traços de personalidade mais resistentes à mudança podem interferir no sucesso do processo terapêutico e, por conseguinte, levar ao “drop out”.

 

Apesar de ser um fenómeno muito comum nas consultas de psicologia, possivelmente por causa de alguns dos fatores supramencionados, é importante que os psicólogos antecipem potenciais dificuldades. O conhecimento inerente às desistências permite ao psicólogo adaptar-se e controlar alguns dos aspetos que possam estar no seu controlo (por exemplo, trabalhar mais a empatia, formação complementar). Não obstante, é igualmente crucial que o psicólogo reconheça o fenómeno da desistência como algo incontrolável e dependente de inúmeros fatores.