Porque é que os psicólogos não dão conselhos?

Escrito em 29 de janeiro de 2024 • Por Andreia Ramos

Imagem a simbolizar os diferentes caminhos que uma pessoa pode escolher ao longo do processo terapêutico

É usual as pessoas que iniciam um processo terapêutico, esperarem por conselhos do psicólogo para lidar com alguma situação, decisão ou problema. Dado que a psicologia é uma ciência, os conselhos devem ser evitados, pois podem ter uma base opinativa e não sustentada no que a ciência tem evidenciado. Para além disso, tendo em conta que cada pessoa está num processo muito individual, os conselhos podem criar a ideia de que o psicólogo sabe o que é melhor em detrimento da própria pessoa. Assim, o objetivo da psicoterapia é dotar a pessoa de conhecimentos acerca dela própria e do respetivo funcionamento e contexto, de forma determinar objetivamente o que a pessoa quer fazer e que decisões pretende tomar. Para isso, o psicólogo pode:

 

Ajudar na gestão de expectativas

 

É importante que as pessoas durante o acompanhamento compreendam o papel do psicólogo como alguém que ajuda na obtenção de respostas e não alguém que dá as respostas. Para isso, o psicólogo deve ajudar a gerir as expectativas da pessoa, prevenindo cair num papel de resolução imediata de problemas e situações.

 

Auxiliar na compreensão da própria pessoa

 

O trabalho do psicólogo envolve a compreensão da pessoa no seu todo. Mais do que a procura de soluções, o psicólogo deve compreender o que a pessoa está a passar, tornando o espaço terapêutico um ambiente confortável para se explorem inseguranças e fragilidades. Um aumento da autoconsciência permite uma tomada de decisões mais racional e objetiva.

 

Apoiar no processo de descoberta

 

O psicólogo também pode apoiar no processo de encontrar soluções. Isto é, pode ser crucial nos momentos de intervenção, definir possibilidades e opções, analisando as vantagens e as desvantagens e discutindo o que pode fazer mais sentido para a pessoa.

 

Desta forma, os conselhos não são psicologia e é algo que assenta em opiniões e em aspetos muito subjetivos. Isto porque os conselhos que são dados, têm por base experiências pessoais e crenças individuais que alteram de pessoa em pessoa. O objetivo central é que seja sempre a pessoa a tomar as suas próprias decisões mediante as suas experiências e crenças. Os conselhos podem, em alguns momentos, fazer sentido, porém, devem ser dados sempre com muito cuidado e com base no que a ciência tem evidenciado.