O que é que não é suposto um psicólogo fazer?

Infelizmente, como existe alguma desinformação em relação ao acompanhamento psicológico, as pessoas, muitas vezes, não conseguem identificar que comportamentos podem ser mais desajustados por parte de um psicólogo – as “red flags”. O desconhecimento destes sinais de alerta pode fazer com que a pessoa se mantenha num acompanhamento disfuncional, prejudicando o sucesso terapêutico e a respetiva evolução. Assim, não é suposto, por exemplo, que um psicólogo partilhe muito da sua vida, desmarque ou chegue constantemente atrasado, utilize técnicas ou estratégias sem evidência científica e se esqueça constantemente de detalhes importantes da vida da pessoa.
Partilha de demasiadas informações pessoais
Um processo terapêutico é da pessoa que está a ser acompanhada. Assim, o psicólogo não deve partilhar muito da sua vida pessoal, podendo essa partilha tirar o foco da pessoa e causar algumas ruturas na relação terapêutica. As autorrevelações (momentos em que o psicólogo partilha algo pessoal) podem fazer parte de momentos muito específicos do processo se tiverem algum propósito concreto, mas não é suposto acontecerem com muita frequência.
Desmarcações e atrasos
Um processo psicoterapêutico é um processo colaborativo entre o psicólogo e a pessoa. Como deve haver um compromisso da pessoa que é acompanhada, também deve existir um compromisso por parte do psicólogo em não desmarcar ou se atrasar constantemente. Por vezes, podem surgir imprevistos, porém, devem ser sempre mais a exceção do que a regra.
Estratégias sem evidência científica
A psicologia deve assentar sempre em investigação e evidência científica. Assim, um psicólogo não deve utilizar na sua prática clínica componentes que não estejam devidamente comprovados como eficazes. As terapias alternativas ou complementares (o tarot, o reiki, a astrologia, a numerologia, as constelações familiares…) podem ser uma opção da pessoa, porém, nunca devem ser realizadas por um psicólogo.
Esquecimento constante de partes do processo
Um psicólogo não deve esquecer-se constantemente de aspetos relevantes e não deve caber sempre à pessoa relembrá-lo de determinadas situações. Os esquecimentos são normais em todas as profissões e detalhes menos significativos (por exemplo, nome do companheiro, discussão específica com um amigo) podem ser mais difíceis de reter. No entanto, esquecimentos constantes de aspetos relevantes podem não ser indicadores de um bom processo terapêutico.
Existem inúmeras “red flags” associadas a todas as profissões, porém, na psicologia, muitas vezes as pessoas não sabem bem o que são comportamentos “normais” e o que está enquadrado no código ético e deontológico dos psicólogos. Desta forma, pode ser necessário abordar estas questões com o psicólogo em questão se começarem a ser mais frequentes comportamentos desta natureza ou, porventura, trocar de psicólogo para garantir um acompanhamento de acordo com o que é aceitável. No entanto, também se deve ter em conta que os comportamentos supramencionados podem acontecer em algumas situações mais circunstanciais, não significando necessariamente um mau profissional.