Posso contactar o meu psicólogo fora das consultas?
Escrito em 10 de julho de 2025 • Por Andreia Ramos

Esta questão apresenta várias nuances. Eticamente e para proteção dos próprios psicólogos, o contacto telefónico e as redes sociais pessoais do próprio psicólogo não devem ser partilhados. Para fins de contacto, as pessoas devem recorrer a contactos profissionais com recurso, por exemplo, às clínicas de saúde. No entanto, a prática indica que pode haver situações em que tal não seja possível (por exemplo, se as pessoas é que marcam diretamente com o psicólogo). Não obstante, quer seja via contactos pessoais ou profissionais, as pessoas podem entrar em contacto com o psicólogo, se o mesmo demonstrar a abertura para a pessoa o fazer.
Nuances das situações de crise
A política de crise é mais frequente e a partilha de contactos pessoais pode fazer sentido nestes momentos. Aquando de um momento de potencial urgência, deve ser delineado um plano de segurança com a pessoa, de forma a assegurar a sua integridade física e psicológica. Nesse plano, pode estar o contacto com o psicólogo, porém, também devem ser discutidas outras opções caso o psicólogo tenha a impossibilidade de dar resposta ao contacto. Por vezes, a partilha de contacto em algumas situações pode ajudar a pessoa a sentir-se mais segura.
Necessidade de partilha de algo relevante
Por vezes, pode fazer sentido um contacto com algum objetivo. Ou seja, as pessoas contactarem o psicólogo para informar de algo trabalhado em consulta ou de um pico emocional que acham relevante ser discutido em contexto terapêutico com determinado propósito. No entanto, estes contactos devem ser promovidos pelos psicólogos em antemão e deve ser refletida sempre a sua importância e necessidade antes da consulta.
Importância de limites
A terapia funciona porque assenta numa relação terapêutica muito específica e muito difícil de recriar noutros contextos e com outros profissionais. É uma relação unidirecional (focada na pessoa que está a ser acompanhada) e que apresenta alguns limites terapêuticos. A quebra desses limites pode afetar a eficácia do processo terapêutico e criar ruturas na relação terapêutica.
Não há uma resposta certa para dar à questão de estabelecer contactos com o psicólogo fora consultas porque depende muito de caso para caso e de situação para situação. Em primeiro lugar, deve-se sempre esperar por essa abertura por parte do psicólogo e, apenas em situações agudas e/ou necessárias, é que se deve efetivar o contacto. A manutenção da relação no seio das consultas é, por si só, terapêutico. Desta forma, espera-se uma análise das situações necessárias ou não necessárias de serem partilhadas por parte da pessoa acompanhada e, caso seja pertinente, essa discussão dos limites pode ser realizada nas próprias consultas.