Um psicólogo pode usar terapias alternativas e/ou complementares?
Escrito em 28 de janeiro de 2025 • Por Andreia Ramos

Não. Um psicólogo segue um código de ética e deontológico que indica a importância da utilização de métodos científicos validados e eficazes. Apesar das terapias alternativas e complementares como o tarot, o reiki, a astrologia, a numerologia e as constelações familiares serem terapias que qualquer pessoa pode procurar, as mesmas ainda não se encontram validadas pela comunidade científica, logo, constituem-se como pseudociência. Desta forma, a prática clínica é bastante complexa e a saúde mental das pessoas nunca deve ser utilizada de modo a pôr em prática algo que ainda não se considera significativamente eficaz e/ou seguro.
Psicologia e Psicoterapia são baseadas em evidência
A psicologia e a psicoterapia são conceitos amplamente estudados pela comunidade científica. Desta forma, há inúmeras abordagens psicoterapêuticas validadas pela investigação, comprovando melhorias de sintomas e uma diminuição das dificuldades psicológicas/psiquiátricas. Tudo o que está associado à psicologia tem de estar documentado em artigos, salvaguardando assim as pessoas que procuram estes serviços.
Terapias alternativas e complementares como pseudociência
As terapias alternativas e complementares têm ganho algum espaço em Portugal nos últimos anos. As terapias alternativas são usadas como forma de “tratamento” em vez dos métodos de intervenção convencionais e as terapias complementares são utilizadas em simultâneo com os mesmos. Aqui, estão inseridos o reiki, a acupuntura, a aromoterapia, a homeotapia, a astrologia, as constelações familiares, entre outros. No entanto, a sua eficácia é ainda pouco estudada, não apresenta resultados estatisticamente significativos ou apresenta dados mistos ou contraditórios.
Psicólogos praticam ciência
Um psicólogo, desta forma, não pode utilizar estes meios como forma de psicoterapia, estando a prejudicar significativamente a sua prática e a fugir ao código de ética e deontológico que veicula a ciência como único meio de intervenção. Neste momento, a psicoterapia e, mais especificamente, os modelos psicoterapêuticos utilizados, bem como a medicação e a intervenção psiquiátrica, são os meios de intervir em dificuldades emocionais e psicológicas, sem ameaçar a saúde pública.
Cada pessoa é livre de experimentar os serviços que lhe fizer mais sentido. No entanto, é importante que seja uma decisão tomada com informações concretas. Desta forma, até ao momento, não foram encontrados motivos que justificam a eficácia e segurança das terapias alternativas e complementares nem dados que comprovam que fazem mais bem do que mal. Um psicólogo só pode reger eticamente e deontologicamente a sua prática por evidência, sendo contra o código de ética da Ordem dos Psicólogos Portugueses a prática de terapias cuja eficácia ainda não está comprovada.
Referências: A Pseudociência na área da Saúde Psicológica (Ordem dos Psicólogos Portugueses)