Ser perfecionista é mau?

Escrito em 16 de dezembro de 2024 • Por Andreia Ramos

Imagem simplista de Andreia Ramos a simbolizar a perfeição como uma corrente

Depende. O perfecionismo é uma tendência ou característica pessoal para definir expectativas, padrões e objetivos elevados para a própria pessoa. Apesar de o perfecionismo estar bastante associado ao esforço, à persistência e à perseverança, pessoas com elevados níveis de perfecionismo podem ser bastante autocríticas e tendem a não ficar inteiramente satisfeitas com o seu desempenho. Como tal, o perfecionismo excessivo está muito associado a problemas de saúde mental tais como ansiedade disfuncional e depressão, acabando por prejudicar muito a satisfação geral de vida das pessoas.

 

Perfecionismo funcional

 

Pessoas perfecionistas com um traço mais funcional são pessoas que, para além de definirem expectativas altas, apresentam uma tendência a sentirem-se satisfeitas quando esses objetivos são alcançados. Adicionalmente, são pessoas que aceitam com maior facilidade a presença de falhas e são mais flexíveis na adaptação de novos objetivos ou meios para alcançar um fim. Pode ser um traço menos propenso a sensações de sofrimento, dado que o alcance de objetivos é feito de um modo realista, apropriado e funcional.

 

Perfecionismo disfuncional

 

Por contraste, pessoas com níveis mais elevados de perfecionismo (denominado na investigação como o “perfecionismo neurótico”) apresentam uma tendência a definir expectativas irrealisticamente elevadas e não tendem a dar muita margem de erro. Para além disso, pode haver uma preocupação constante em desiludir os outros e gerar discursos centrados na sua incapacidade de ser “bom o suficiente”. Desta forma, este tipo de perfecionismo está associado a níveis bastante elevados de sofrimento, muitas vezes consequentes do medo de falhar, do autocriticismo e de sentimentos de inferioridade.

 

Apesar de o perfecionismo poder potenciar resultados, em excesso, pode acabar por prejudicar significativamente a vida da pessoa e funcionar como um fator de manutenção de sintomas de ansiedade, stress e de depressão. Desta forma, é importante que, neste espectro, a sua função seja bem avaliada, de forma a prevenir a consolidação de um traço de personalidade mais desadapativo. Se o perfecionismo for causa de sofrimento psicopatológico (isto é, evolução para quadros de depressão, ansiedade e burnout, por exemplo), é importante a procura de ajuda especializada.

 

Referências: Review of the Theoretical, Empirical, and Clinical Status of Adaptive and Maladaptive Perfectionism