Quando recorrer a medicação psiquiátrica?
Escrito em 12 de abril de 2024 • Por Andreia Ramos
Os psicólogos não podem prescrever medicação, devendo sempre ser um médico a aconselhar quanto a este tema (médico de medicina geral, médico psiquiatra, pedopsiquiatra, entre outros). No entanto, por vezes, as pessoas apresentam alguma dificuldade em perceber se beneficiam mais de consultas de psicologia, de psiquiatria ou de uma combinação de especialidades. A psicoterapia pode ser a única intervenção utilizada, porém, o psicólogo deve avaliar com a pessoa a opção do recurso a medicação para controlo dos sintomas. No geral, o encaminhamento para a psiquiatria deve ser realizado em quadros psicopatológicos significativos, em situações de ineficácia da psicoterapia e aquando de dificuldades na adesão ao processo terapêutico.
Quadros psicopatológicos significativos
Pessoas com dificuldades clinicamente significativas devem sempre ponderar a avaliação por um médico. Esta avaliação deve ser realizada em pessoas que experienciam níveis elevados de sofrimento (depressões graves, ataques de pânico recorrentes, por exemplo), sintomas complexos do foro mental (sintomas psicóticos, episódios maníacos, por exemplo) e em situações onde a funcionalidade da pessoa está em causa (incapacidade para o trabalho, incapacidade para a parentalidade, por exemplo).
Ineficácia da psicoterapia
Apesar da existência de quadros clínicos mais propensos ao encaminhamento para a psiquiatria, o mesmo também pode ser realizado aquando da inexistência de progresso num determinado processo psicoterapêutico. Apesar da ciência validar a eficácia da psicoterapia, as pessoas apresentam especificidades e particularidades que podem não produzir melhorias. Desta forma, as pessoas podem recorrer à intervenção psiquiátrica para a diminuição dos sintomas e, por conseguinte, para a melhoria do prognóstico.
Dificuldades na adesão da psicoterapia
Apesar de a psicoterapia ser um método de intervenção muito usado nas dificuldades relacionadas com a saúde mental, pode haver pessoas que apresentam alguma dificuldade em aderir às características da psicologia (falar sobre si próprio, aprofundar situações do passado, por exemplo). Desta forma, os psicólogos devem atuar sempre de acordo com o que pode trazer mais benefícios para a pessoa e, assim, sugerir uma avaliação psiquiátrica.
Apesar de poder existir algum estigma em relação à medicação como forma de atenuar sintomas, em determinadas situações, a medicação torna-se imprescindível para diminuir o sofrimento e restaurar a funcionalidade da pessoa. Desta forma, um psicólogo também deve estar apto para desconstruir algumas crenças relacionadas com a psiquiatria, de forma à pessoa obter ajuda específica e individualizada para a sua problemática. Por outro lado, a medicação pode ser sempre uma opção independente da própria pessoa, não necessitando de se enquadrar nas situações supramencionadas para o recurso à especialidade de psiquiatria.